sábado, 10 de abril de 2010

A queda do Herói

Hoje pensei em JPJRH

J.P tinha e ainda deve ter um nome pra lá de exótico e longo, mas neste post o chamarei apenas de João.

Ele foi meu herói e modelo durante minha adolescência.

Eu era um nerd, sem objetivos, videogameiro, ele era um rebelde sem causa, Headbanger, cabeludo, àspero.

JP era meu oposto e era quem eu gostaria de ser.

Sempre tive essa tendência a me espelhar em anti-heróis ou em figuras não-ortodoxas, sempre me atraiu o lado negro da força.

Ele era aquele cara que 17 anos que tinha vivido mais que muitos marmanjos de 30 anos que conheço.

Enfrentava o sistema com medidas simples, como ir a escola sem uniforme, andava de camisa aberta, fumava e bebia dentro do ambiente escolar. Para pais, professores e funcionários ele era o que havia de pior alí, mas o cara tinha todos os amigos e todas as garotas.

Os garotos queriam ser JP e as meninas queriam estar com ele.

O cara não estava nem aí para a hierarquia escolar e desafia professores rígidos, botava o dedo na cara de inspetores. Era um anti-herói, e junkie, perfeito.

Ele me inspirou a ser mais corajoso, mais firme com minhas idéias, mais cínico, mais excêntrico. Todas estas coisas levei comigo e até hoje me servem muito bem.

Na época ele era "O Foda", o cara que todo mundo deveria ser. Hoje percebo que o cara tinha mais defeitos que qualidades, mas mesmo assim, algo de interessante ele me passou e ajudou a formar parte do meu caráter.

Alguns anos atrás tentei rastrear o JP e ver o que andava fazendo da vida.

Com muito custo consegui o telefone daquele ídolo do passado, o mito, a inspiração de toda uma geração de adolescentes que buscavam aquela ignição para explodirem e abrirem as mentes para novos horizontes.

Pois bem, João estava casado, tinha filhos e não ouvia mais heavy metal. Ele era agora era um trabalhador respeitado, ouvia rock clássico e ia a igreja aos domingos.

Foi um choque. Meu herói estava morto! Caralho!!!

Hoje em dia penso que o João estava certo... é melhor ser um pai de família respeitável como tantos outros que ser um ídolo do rock e morrer antes dos 30.

Pensei muito no cara e hoje percebi que acabei me tornando como ele. Vendi minha rebeldia por um carimbo e um salário na minha CTPS.

Tenho uma casa e família mas algo morreu, assim como a imagem idelizada que construí de um cara comum, como todos nós.

As pessoas mudam. É inevitável, mas esta mudança é progressiva. Ninguém volta a ser o que era, saca?

Como diria o Billy Corgan "Quanto mais mudamos, menos sentimos."

Também notei. recentemente, que tive o mesmo efeito que JP em alguns amigos, parentes e conhecidos e me pergunto: Será que também fui um modelo inspirador? Inspirei o quê?

A decepção com a vida é inevitável. A atitude para fazer esta existência brilhar novamente é essencial.

Vivam!

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