Por estes dias revi o maravilhoso "A Sombra do Vampiro", filme de 1 década atrás , dirigido maestralmente por E. Elias Merighe e sempre me lembrava de um poema que o vampiro, hipnóticamente trabalhado por Willem Dafoe lia numa das cenas mais poéticas do filme.
Depois de muito pesquisar acabei encontrando o tal poema em que ele recitava "the woods decay and fall..." e "all I was in ashes". Somente essas 2 breves passagens conotavam uma melancolia como eu jamais havia lido desde o maravilhoso "Os Homens Ocos" do inigualável T.S. Elliot.
Acabei descobrindo que tratava-se do poema "Tithonus" de Alfred Lord Tennyson e trata-se do lamento de Títono, personagem mitológico que fora tornado imortal por sua amada Eos ( a madrugada) mas sem conceder-lhe a juventude eterna. Um velho e melancólico Títono implora a sua amada que o liberte e o deixe morrer.
Na mitologia, Títono envelhece de tal maneira que Eos o prende em um quarto escuro onde ele acaba por tornar-se em uma cigarra.
Tentei em vão achar versões em português do poema, mas fui obrigado - para postar aqui- a traduzir eu mesmo e peço perdão pelos óbvios erros, afinal, não sou poeta.
Tithonus- Lord Tennyson
As árvores apodrecem, as árvores apodrecem e caem
Os vapores choram seu calor para o chão,
O homem chega ao solo e deita-se sobre ele,
E após muitos verões o cisne morre.
Minha cruel e única imortalidade
Consome-me: Eu deito-me vagarosamente em vossos braços,
Aqui no silencioso limite do mundo,
Uma sombra de cabelos brancos vagando como um sonho
Pelos espaços eternamente quietos do leste,
Nas névoas longínquas e brilhantes palácios da manhã.
Pobre de mim! pois esta sombra cinzenta, outrora um homem-
Tão glorioso em sua beleza e vossa escolha,
Que o fez teu escolhido, que ele parecia
Em seu coração igual a não outro senão a Deus!
Vos pedi, “Dai-me imortalidade”.
Então vós a deste perguntando-me com um sorriso,
como homens ricos que não se importam com o quanto gastam.
Mas vosso poderoso tempo indigno executou os teus caprichos
E me derrubou-me ao solo e me estragou e me destruiu,
E mesmo que não pudessem acabar comigo, deixaram-me mutilado
Para vagar na presença da juventude imortal,
Idade imortal longe da juventude imortal
E tudo o que fui são cinzas. Poderia vosso amor,
Vossa beleza, fazer concessões, mesmo que mesmo agora
Perto de nós, a estrela prateada, vossa guia,
Brilha com aqueles olhos trêmulos cheios de lágrimas
para me escutar? Deixa-me ir: Pega de volta vosso presente:
Por que, de qualquer maneira, desejaria o homem
Ser diferente da raça humana,
Ou passar além do objetivo ordinário
Onde tudo deve parar, assim como com todos?
Um vento suave divide as nuvens; alí vem
Uma lembrança daquele mundo obscuro no qual nasci.
Uma vez mais o brilho misterioso é levado
De tua pura fronte, e de teus ombros puros,
E peitos batendo com um coração renovado.
Vossa face enrubrece através da melancolia,
Vosso doce olhar brilha vagarosamente perto ao meu,
Ainda assim eles cegam as estrelas, e os selvagens
Que te amam, clamando por vosso jugo, erga-se,
E sacuda a escuridão de seus fracos eus,
E derrote o crepúsculo em flocos de fogo.
Veja! Mesmo com tua beleza crescente
Em silêncio, então antes da resposta ser dada
Partistes, e vossas lágrimas ficaram no meu rosto.
Por quê vós me assustais com tuas lágrimas,
E faze-me tremer para que um sábio provérbio,
De dias longínquos, de terras obscuras, torne-se real?
“Os próprios deuses não podem retomar os seus presentes”.
Pobre de mim! Pobre de mim! com qual outro coração
Em dias longínquos, e com quais outros olhos
Eu costumava olhar – Se não fosse ele que me olhava
Aquele linha lúcida formando-se ao seu redor, via
Os raios de luz tornando-se em anéis solares;
Mudando com vossa mística mudança, e sentia o meu sangue
Brilhar com o brilho que vagarosamente encobria tudo
Vossa presença e vosso portal, enquanto me deito,
Boca, testa, cílios, crescendo e acalentando
Com beijos mais balsâmicos que gomos abertos
De flores de Abril, e podia ouvir os beijos que beijavam
Sussurrando que eu não conhecia o selvagem e o doce,
Como aquela estranha música que ouvi Apollo cantar,
Enquanto Ilion como uma névoa cresceu em torres.
Ainda assim não me segure eternamente em vosso leste:
Como poderia minha natureza ainda mesclar-se com a vossa?
Friamente vossas sombras róseas banham-me, frias
São todas as vossas luzes, e congelam meus pés enrugados
Sobre vossas reluzentes fortalezas, quando o vapor
Flutua sobre aqueles campos e sobre as casas
De homens felizes que possuem o poder de morrer,
E sobre verdejantes campos de felizes mortos.
Liberta-me e devolva-me ao pó;
Vós vês tudo, tu viste minha sepultura:
Vós renovareis vossa beleza tristeza após tristeza,
Eu vago na Terra esquecendo desses palácios vazios
Enquanto vós sempre retornarás em carruagens de prata.
Até a próxima.
2 comentários:
Esplêndido!
belissimo ! parabéns pela tradução !
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