terça-feira, 10 de maio de 2011

Irreversível

Neste sábado assisti na TV Cultura, após o maravilhoso e divertidíssimo “Planeta Terror” de Robert Rodriguez um documentário chamado “A Ponte” (The Bridge-2006) do cineasta americano Eric Steel.

O filme fala sobre a Ponte Golden Gate em São Francisco/CA. A ponte é para quem não sabe o ponto, ou um dos pontos mais procurados por suicidas.

Somente no ano de 2004, quando o filme foi rodado, 25 almas se jogaram da ponte. Dessas 24 foram captadas pelas lentes da Equipe de Eric Steel.

O filme fala sobre diversas dessas pessoas, mas centra-se mais na figura de Gene Sprague, um jovem de vida conturbada e pensamentos melancólicos acerca da existência. O filme termina com o mergulho de Gene para a morte.

Ver este filme me fez chorar, me fez compreender ainda mais a fragilidade do corpo e da alma humana e também, a fragilidade da vida. Em um momento você decide acabar com tudo e quando dá aquele passo para o abismo, não há mais como voltar.

Passei dias tentando compreender o que se passa na mente de um suicida e naqueles momentos mais obscuros acabamos nos iluminando e compreendendo algo aparentemente incompreensível.
Quem decide morrer é quem não consegue mais estabelecer vínculos sociais que lhes dêem esperança ou motivação para viver.

Gene Sprague amava a mãe e os amigos, mas sua mãe morreu e seus amigos não acreditavam em seu desejo de se matar. Não digo que não fizeram nada, mas é aí que está o problema. A sociedade Norte Americana tem essa cultura bizarra de não interferir nos problemas alheios com muito afinco. Eles percebem que o amigo está mal, está sofrendo, mas não querem interferir muito para não causarem constrangimento ou com o medo de que a pessoa não compreendesse bem a ajuda e interpretasse aquilo de maneira negativa. Diversas vezes ouvimos isso no filme. “Eu não achava que ele faria aquilo, mas mesmo assim tinha medo que se fizesse as pessoas me culpassem”.

A auto-preservação impera nos EUA.

Eu infelizmente, mesmo muitas vezes desejando, não posso me dar ao luxo de desistir de viver. Criei conscientemente vínculos para me amarrarem a esse mundo, de maneira que eu sempre tenha uma razão para viver, por mais tênue que essa seja.

Tenho meus gatos, o que seriam deles? Não confio em ninguém, às pessoas são cruéis e egoístas.

Tenho minha filha. Não quero que ela cresça com esse estigma.

Tenho um relacionamento... Bem, às vezes esse é um ótimo motivo para que querer morrer, mas é melhor ainda do que o sofrimento platônico... E sei bem como é isso.

Esperamos, desejamos inutilmente sabendo que é impossível inalcançável... Mas ainda resta aquele pingo de esperança, aquela doce ilusão. Possivelmente as mesmas que fazia os judeus, mesmo sabendo que seriam mortos, terem esperança que aquela câmara era apenas para desinfetá-los para que não pegassem piolhos...

Estou tentando viver... Existe lapsos de vida nessa minha existência... Mas tornam-se raros.

Ah meus 5 anos... Quão longínquos estão nesse momento... 

Bons Sonhos... Jamais acordem.

4 comentários:

Silvia disse...

vou baixar!

Unknown disse...

Como você está em 2015 ?

Abraços .... Eu tbm assiste ao filme The Brigde . Fiquei curiosa com Gene e tenho alguns materiais dele. Ninguém se desencanta pela vida se não tiver um forte motivo . Acredite , ele teve.

Fritz P. Hyde disse...

Olá Paula,
Não sei se você ainda lerá isso mas por enquanto insisto... continuo insistindo...

Obrigado pela visita.

Anônimo disse...

Fritz .... Parece loucura , mas sou apaixonada por Gene. Acontece fenômenos estranhos aqui em casa. Claro , eu sempre o convoco ... Pergunto a ele :
Do you to want marry in me ? I hope say yes, because I into you much.