quinta-feira, 30 de junho de 2011

Woody Allen e a Condição Humana


Agora em junho de 2011, a revista “Isto É” (ed. 2171) publicou uma breve entrevista com Woody Allen que mudou minha visão sobre o cineasta.

Eu somente o via como diretor de uns bons filmes e de outros chatíssimos que só Woody Allen Fags  gostam e defendem com unhas e dentes.

Mas a verdade é que a visão de vida e sobre o ser humano que ele expressou nessas poucas linhas se alinhou de uma maneira avassaladora (digdin) com os perrengues existenciais que enfrento.

Não tenho muito que falar sobre o assunto, mas destacarei algumas coisas que ele falou e nas quais acredito e levo como lição de vida.

“Dou a impressão de estar sempre ocupado, mas não estou. No período de um ano, tenho tempo para fazer um filme, (...) escrever, escolher atores, filmar e editar. (...) Gosto de tocar Jazz (...) brincar com as minhas filhas, (...) fazer exercícios, ver filmes. A verdade é que não trabalho muito duro.
Já poderia estar aposentado, (...) mas prefiro trabalhar para não pensar em bobagem. Filmar é uma terapia. Do contrário enlouqueceria.”

“Não sou hipocondríaco mas admito sempre imaginar o pior quando se trata de uma doença. Sou assim com tudo. Quando viajo, também penso que tudo pode dar errado. E penso muito na morte também. Mais do que deveria.

Me identifico com o pensamento de Edith Wharton, que dizia que a morte é como o som de um trovão distante num dia de piquenique.

A morte sempre está lá, mesmo quando você está muito feliz. Seja porque sua filha vai se casar, ou você ganhou na loteria ou conheceu a pessoa dos seus sonhos. Ela não desaparece.”

“A minha covardia e a minha timidez sempre me atrapalharam muito. Penso que minha vida seria melhor e os meus filmes seriam melhores se eu fosse mais corajoso e menos inseguro.”

“Acho que está na natureza humana manter relacionamentos fracassados por muitos anos. Pela minha experiência de vida, muitas pessoas se contentam com um casamento feliz por apenas 20% do tempo e infeliz no tempo que sobra.

Se sempre possível trocar um relacionamento por outro, como num passe de mágica, aposto que a maioria das pessoas o faria sem pestanejar. O problema é que é preciso passar pelo rompimento, pela solidão e ainda esperar um tempo até conhecer alguém novo”.

“A nostalgia é algo muito tentador e prazeroso para mim. O problema é que tenho tendência de só lembrar o que era bom. Quando penso na minha infância, adoro recordar os meus sete anos. Costumava tomar sorvete com uma prima minha, muito bonita. Tudo parecia tão lindo. Mas, quando penso mais profundamente, foi uma época terrível. Eu não gostava da escola e ainda apanhava dos pais. Sem falar na Segunda Guerra Mundial”.

“O que eu quero (da vida) não é possível. Queria que o homem já nascesse sabendo o motivo. E queria que ele não envelhecesse após um certo período. Não queria que ninguém ficasse doente ou morresse. A condição humana é trágica demais para o meu gosto.

Há coisa pior do que já nascer condenado à morte?”.

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